Não sei ao certo por que razão olho ao relógio sempre que quero escrever qualquer coisa. Não escrevo há muito tempo, é verdade. Não pergunto aos meus botões porque razão isso acontece, primeiro porque são botões depois porque não preciso de saber. Quando se é bombardeado por uma quantidade quase assombrosa de músicas e suas letras, facebook e suas divagações, filmes, séries, isto e aquilo, deixamo-nos levar! Ouves a "tal" música e pronto aí se têm a nossa vida num refrão. É reconfortante saber que alguém se preocupa em escrever qualquer coisa para os fracos de intelecto ouvirem; um bom exemplo sou eu. É a história do "deixa andar" tipicamente adolescente. Agora que penso nisso, discordo do que disse. Os adolescentes fazem normalmente, excepto quando os pais não o permitem ou tem vergonhas e receios, tudo o que lhes é possível. É afinal a história tipicamente adulta, que pouco pretende fazer a mais do que aquilo que pode realmente fazer.
Nada de extraordinário posso acrescentar a meia dúzia de linhas que já escrevi, nada se passa, nada se pode passar. Mais uma contrariedade, afinal tenho algo a dizer: realmente é bem mais apetecível escrever do que dizer, se escrevêssemos tudo aquilo que queríamos dizer, as coisas (ora aí está uma palavra que retiraria desta frase, perdoem-me a prática já não é muita) fluiam de maneira diferente, as bocas não se calavam tanto, o olhos continuavam a falar é certo. As letras passavam, do que aprendi este ano ser uma massa cinzenta reunida com uma massa branca desprovida de qualquer magia ou sobrenatural, para os dedos e dos dedos para a folha. Os olhos e boca, meros observadores e, pontuais determinantes nas conversas e discussões.
Ficavam os olhos para aquilo que os olhos servem e as bocas para aquilo que as bocas servem.
Olho de novo para o relógio do meu computador, 23:38. "Já chega" dizem os meus botões.
Daniela. Outro dia.