Friday, November 15, 2013

Quando não escrevo por negação, é porque não escrevo de todo.

Gerou-se aqui uma certa controvérsia em meia dúzia de neurónios.
Apetecia-me dizer que "olha se caíres, vê se cais logo de cabeça".
O somatório de incompatibilidades encontradas em discretos rascunhos são notórios. Que incapacidade descontrolável de fazer tudo certo. Ou será que é errado?
A variabilidade de pensamentos ridículos que consigo juntar ao invés de tomar decisões.
Confesso que me daria melhor num manicómio.
Que prejuízo que em mim causo.
Causas que só por si não existem.
Já desisti.

Daniela Cavaco. 15.Novembro.2013
Quando não escrevo por negação, é porque não escrevo de todo.

Saturday, July 20, 2013

O futuro é um sacana.

   É quase meia noite e sei que o sono ainda vai demorar a chegar, quando chegar vou forçar os meus olhos a continuarem abertos pela curiosidade que esta estranha sensação me trás. 
Sei que a vontade de permanecer acordada vai passar, os meus olhos vão ceder e, daqui a unas dezenas de minutos vou estar sonolenta e naquela corda bamba que nos separa do apagão. Irrita-me não poder repetir este ciclo indefinidamente, o sono, o despertar, o levantar, o adormecer e dormir de novo. Não que deseje que a preguiça tome conta de mim! Isso, acho que já o faz vezes até demais para o gosto dos meus progenitores. Irrita-me saber que um dia não estarei cá para ver o que vai acontecer. Nao altero ou mudo a vida ou o mundo de alguém mas sou muito boa espectadora.  Irrita me saber que tudo se faz para enquadrar alguém ou o próprio em alguma coisa ou algum grupo, quando devíamos ser capazes de nos enquadrar neste grupo de agora, que o amanhã pode não estar presente. 
    O desespero por algo novo é suspeito de uma curiosidade inata do ser humano. Estúpido ser. Sabe que vive pouco mas ambiciona tanto. Sabe viver em alguns casos, sobrevive noutros, mas isto e outra história, na qual ainda ninguém meteu o dedo e fez mudar o curso, não me diz respeito pelo menos de um modo global. Isto é quase como meter o dedo na ferida dos moralmente correctos dos política a religiosamente sensatos. O presente diz-me apenas qualquer coisa, diz me que devo procurar a felicidade imediata, o que me satisfaça, mas na verdade dou por mim.... Agora já sentada na ponta da cama compreendo que o presente importa quando tem que importar, porque o que queria realmente era ver o a seguir, o que se vai passar depois, o pouco atingível, o que não se prevê. Chego a concluir que o meu instinto de sobrevivência está demasiadamente desenvolvido. Que a minha capacidade de de adivinhação deve ser um grande borrão no meu cérebro. Arranha-me esta sensação de termo, de finito, de conclusão, de final, de ... É um episódio que não aceito que termine, este aquele que já passou, o que esta para vir. Sinto os fins ásperos como a pele enrugada da água. É abominável a ideia de que tudo tem que ter um fim. 
   Às vezes esqueço-me que esta ideia de não querer finais é possivelmente a mais banal de todas... A bíblia dos nossos avós não aceitava um fim. Estou a tornar me religiosa ainda que não me interesse saber o que os deuses andam a tramar para este ou aquele. 
    O passado não tem piada, é um monte de histórias que deixa nobres corações a chorar de alegria ou tristeza. O passado arrasta-se com um tédio que zanga todos aqueles que querem mudá-lo. O futuro é um sacana que gosta de se vangloriar, com razão, porque sabe que podemos mudá-lo ou não. Pode estar escrito ou não, ao contrário do passado, que fica escrito por linhas bastante tortas. Que ninguém conhece mas todos queriam ter o prazer de se deitar com ele. O futuro é aquele que irrita aqueles que o querem conhecer e que raramente, só raramente deixa que o cumprimentem com um beijo no rosto.
 Só quero saber o que vai acontecer e pronto. Se estaremos por cá, porque se não estivermos, tudo bem.

Daniela, Julho 2013.



Monday, January 28, 2013

Indubitável.


Às vezes aprendemos que nem sempre o mais intenso é o mais completo, "contorversa-indubitavelmente" 
hoje tenho a certeza que o suave é mais certo, 
mais doce e sim, ao qual todas as qualidades estão preenchidas. 

Não por ser suave de intensidade ! 
Remate-se que suave, por ter aparecido aos poucos, assim devagarinho 
como quem não quer a coisa, como quem se chateia baixinho. 
Assim suave porque assim foi que o senti. 
Delicado e no inicio com fragilidades que dele faziam parte. 

Assim como que patinhas de lã de gato,
percebi que damos mais de nós se tivermos alguém que também se dê.

Foi mel e lento. 
Hoje é mel e presente.

Daniela.

Cecília Meireles

Tu Tens um Medo
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.