Wednesday, January 6, 2016

é possivelmente um pedaço de paraíso que ficou aqui esquecido.









Pi Ley Lagoon


Há uma espécie de anacronismo nestas ilhas. Os barcos não deviam estar lá. Os óculos, os coletes salva-vidas, os rastos de óleo dos iates e barcaças também não deviam estar lá. A sensação que fica é que a quantidade absurda de turistas que lá passam são intrusos que deviam ser expulsos o quanto antes.





O incrível deste sítio numa perspectiva muito simplista é a cor. Nada que as GoPro ou as Cannon não tentem captar fielmente mas... os tailandeses tem muito para se orgulhar que vai muito além do azul hipnotizante das águas destas ilhas. As escarpas são forradas por um manto preto e amarelo casca de ovo.




Apetece-me voltar, sendo a probabilidade de isso acontecer próxima de zero.
Ainda assim.

Daniela.


Saturday, January 2, 2016

Um mês incrível.

Passou tanto tempo até conseguir abrir o meu blog. Passou mais de um ano até voltar a escrever. Estive ocupada, na verdade estive mesmo ocupada, às vezes com coisa nenhuma. A Internet nos dias que correm transborda blogs disto e daquilo, com mais ou menos conteúdo. O conteúdo do meu é muito simples. Tenho um único seguidor assíduo. Seguidor este, que pratica com muita paciência a arte de fazer boas críticas e, que para meu bem, segue muitos outros pontos da minha vida bem mais interessantes que esta pequena página.

Apetecia-me escrever porque voltei a ler. Voltei a ler livros de conteúdo não médico e isso de certa forma dá-me vontade de escrever outras coisas. O tema mais falado tem sido a última viagem. Não tenho jeito para escrever sobre viagens, porque rapidamente esqueço nomes, ruas, praças, museus e outras coisas que turisticamente falando um bom turista não esqueceria. Hoje vou experimentar simplesmente porque cada vez que penso no último mês, penso nos sítios incríveis onde possivelmente não irei voltar e isso... deixa saudade! E pelo que se lê por estes lados, isso é coisa com a qual lido muito mal. Não dar-me uma crise de esquecimento. Se publicar as minhas fotos, talvez dê para recordar o que me passava pela cabeça quando lá estava. Um blog pessoal que não passa a um blog de viagens, mas um blog pessoal que se torna ainda mais pessoal.


As fotos foram escolhidas aleatoriamente de um banco de fotos que ainda não criei, mas que já existe na drive dos meus companheiros de viagem que lutaram durante dias com os seus computadores, na tentativa de fazer um download interminável de gigabites. Três fotos escolhidas. A primeira tirada por um fulano que não tinha assim tanto jeito para a fotografia como achava que tinha mas que para sua sorte tinha uma objectiva que poria o meu gato a tirar fotos tipo National Geographic. Mas o artista aqui não era o fotógrafo, era o elefante, que para ser artista provavelmente levou demasiadas chibatas. Não sei ao certo se eram maltratados para satisfazer as necessidades das centenas de turistas que lá passam mas eram domesticados o suficiente para permitir um pequeno passeio perto do rio. Eram animais espectaculares e, realmente, não consigo arranjar melhor palavra para os bichos. Já o rio era outra conversa, entre excrementos de elefante e outras tantas coisas menos agradáveis, foi o fim dessa aventura no meio da floresta do norte da Tailândia. 


Luang Prabang, a maior surpresa de todas. A chegar pesquisava na wikipédia que é património mundial da UNESCO e, percebia-se rapidamente, a sua razão a partir do momento em que púnhamos o primeiro pé (direito, possivelmente) na margem do Mekong. As gentes era simpáticas, sempre prontas a tirar mais umas centenas de kips aos turistas, mas amigáveis como quase todos aqueles com quem nos cruzámos. Só não gosto de me lembrar das duas turistas de cabelo parcialmente rapado, de nacionalidade que não posso mencionar e, que sem querer, surgem neste seguimento de pensamentos enquanto recordo Luang Prabang. 


O Cambodja... Acho que não conheci realmente o Cambodja, conheci na verdade parte de Siem Reap que me deu a sensação de estar enfiada no meio de um negócio turístico que gira em torno de umas ruínas meio esquecidas e um templo que faz lembrar o papel de embrulho do Natal. Digo isto porque é incrível de facto, mas só mesmo por fora. Um guia turístico chamar-me-á tola por dizer isto, mas só posso falar do que vi e, na verdade, vi pouco. O calor não ajudava, as poucas placas não ajudavam, a multidão absurda não ajudava. O reflexo do Angkor Wat na água suja ajudava mesmo, talvez fosse mesmo a única coisa que ajudava. Isso e o bom humor que alternava nos sete turistas que me acompanhavam. Para ser mais realista teria que pôr uma fotografia com turistas asiáticos nas suas vestes completamente-desadequadas-para-aquele-CALOR-absurdo, amontoados como segundo plano. Essa imagem faz-me rir, porque se se concretizasse, era uma recordação que ia fazer umas pequenas risadas a qualquer pessoa que tivesse experimentado viajar por aqueles países.

(continua, outro dia porque vou mesmo ter saudades)

Daniela.


Sunday, July 6, 2014

Faber- Castell

Sou incrivelmente mais aborrecida do que aquilo que realmente queria parecer.

Um bloco de inércia caiu-me aos pés.
Deve ter doído mais do que o que me consigo recordar.
As teclas do computador não parecem estar no sítio do costume e, hipoteticamente, conversando sozinha, estranho-me. Estranho-me. Vejo uma rapariga normal sentada ao meu lado que procura teclas onde não existem. Vejo uma rapariga rodeada de figuras brilhantes e rectangulares.

Alguns dias a criatividade foge-nos das pontas dos dedos, que há uns anos atrás, não seriam pontas e sim, curiosas colunas de carvão. Sempre preferi o carvão à tinta pegajosa da BIC. Por muito tempo porque o carvão se pode apagar mas a tinta não. Hoje sei que a razão é outra. O carvão toma jeitos que a tinta, pelo menos a tinta banal da BIC, não pode tomar - gosto de pensar que não! Gosto do raspar do carvão no papel. E consigo ser exigente no toca ao papel. Suave. Suave porque do mesmo modo que gostamos de ter alguém que nos oiça também gostamos de papel suave. Encontram aqui, portanto uma analogia entre o prazer de ter alguém que nos oiça e uma papel suave para o deslizar da ponta do carvão. O carvão é um composto que se obtém de repetições das mesmas ligações químicas, infinitas repetições químicas de carbono e que vendo bem, não passa de borrões nas mãos desajeitadas de quem já não o usa há muito tempo. Achava que ia conseguir manter a minha inquietude de pintar até ser velha.. Vejo aqui alguma saudade de reencontrar os meus lápis mágicos da Faber-Castell. Francamente graciosos. Acho que os perdi a todos ou a minha mãe simplesmente achou que não passavam de simples lápis de carvão e usou-os nos seus cadernos de culinária, copiando as receitas das vizinhas, que alguém lhes dê uso. Achava que os ia usar muito até só restar uma pontinha, agora provavelmente já nem existem. Acho que essa rapariga desapareceu juntamente com os Faber-Castell.

Daniela. 6 de Julho de 2014

Sunday, February 2, 2014

Terríveis

"Não foi nada."
"Está tudo bem."

Terrível. Os sentimentos são terríveis. Tentam ser manipuladores o suficiente para não mascarar nem metade do que se quer dizer. Diz-se tudo e não se diz nada. Argumenta-se sem muito acrescentar. O acréscimo vem do silêncio que cada um é capaz de encarar. Maior o silêncio, ou maior o perdão, ou maior a raiva. O equilíbrio que daí advém demora e às vezes vai embora. Vamos falar até gritar ou calem-mo-nos agora. A melhor discussão é aquela em que nunca se ganha.

Daniela.

A divisão é um processo simples.

A estranha sensação de de não pertencer a lado nenhum provoca um vazio absurdo. A despersonalização é só a palavra erudita para um vácuo difícil de suportar.
Quando a alguém pertenço sou bocados de pessoa que distribuo de vez enquanto. Acho que pertenço ao aqui e agora, e mesmo assim acho que o aqui e agora não é a melhor resposta. Gosto mais quando existo aos bocadinhos, quando consigo dividir-me. A divisão é um processo simples. O quociente é mesmo o melhor caminho.


Daniela.

Friday, November 15, 2013

Quando não escrevo por negação, é porque não escrevo de todo.

Gerou-se aqui uma certa controvérsia em meia dúzia de neurónios.
Apetecia-me dizer que "olha se caíres, vê se cais logo de cabeça".
O somatório de incompatibilidades encontradas em discretos rascunhos são notórios. Que incapacidade descontrolável de fazer tudo certo. Ou será que é errado?
A variabilidade de pensamentos ridículos que consigo juntar ao invés de tomar decisões.
Confesso que me daria melhor num manicómio.
Que prejuízo que em mim causo.
Causas que só por si não existem.
Já desisti.

Daniela Cavaco. 15.Novembro.2013
Quando não escrevo por negação, é porque não escrevo de todo.

Saturday, July 20, 2013

O futuro é um sacana.

   É quase meia noite e sei que o sono ainda vai demorar a chegar, quando chegar vou forçar os meus olhos a continuarem abertos pela curiosidade que esta estranha sensação me trás. 
Sei que a vontade de permanecer acordada vai passar, os meus olhos vão ceder e, daqui a unas dezenas de minutos vou estar sonolenta e naquela corda bamba que nos separa do apagão. Irrita-me não poder repetir este ciclo indefinidamente, o sono, o despertar, o levantar, o adormecer e dormir de novo. Não que deseje que a preguiça tome conta de mim! Isso, acho que já o faz vezes até demais para o gosto dos meus progenitores. Irrita-me saber que um dia não estarei cá para ver o que vai acontecer. Nao altero ou mudo a vida ou o mundo de alguém mas sou muito boa espectadora.  Irrita me saber que tudo se faz para enquadrar alguém ou o próprio em alguma coisa ou algum grupo, quando devíamos ser capazes de nos enquadrar neste grupo de agora, que o amanhã pode não estar presente. 
    O desespero por algo novo é suspeito de uma curiosidade inata do ser humano. Estúpido ser. Sabe que vive pouco mas ambiciona tanto. Sabe viver em alguns casos, sobrevive noutros, mas isto e outra história, na qual ainda ninguém meteu o dedo e fez mudar o curso, não me diz respeito pelo menos de um modo global. Isto é quase como meter o dedo na ferida dos moralmente correctos dos política a religiosamente sensatos. O presente diz-me apenas qualquer coisa, diz me que devo procurar a felicidade imediata, o que me satisfaça, mas na verdade dou por mim.... Agora já sentada na ponta da cama compreendo que o presente importa quando tem que importar, porque o que queria realmente era ver o a seguir, o que se vai passar depois, o pouco atingível, o que não se prevê. Chego a concluir que o meu instinto de sobrevivência está demasiadamente desenvolvido. Que a minha capacidade de de adivinhação deve ser um grande borrão no meu cérebro. Arranha-me esta sensação de termo, de finito, de conclusão, de final, de ... É um episódio que não aceito que termine, este aquele que já passou, o que esta para vir. Sinto os fins ásperos como a pele enrugada da água. É abominável a ideia de que tudo tem que ter um fim. 
   Às vezes esqueço-me que esta ideia de não querer finais é possivelmente a mais banal de todas... A bíblia dos nossos avós não aceitava um fim. Estou a tornar me religiosa ainda que não me interesse saber o que os deuses andam a tramar para este ou aquele. 
    O passado não tem piada, é um monte de histórias que deixa nobres corações a chorar de alegria ou tristeza. O passado arrasta-se com um tédio que zanga todos aqueles que querem mudá-lo. O futuro é um sacana que gosta de se vangloriar, com razão, porque sabe que podemos mudá-lo ou não. Pode estar escrito ou não, ao contrário do passado, que fica escrito por linhas bastante tortas. Que ninguém conhece mas todos queriam ter o prazer de se deitar com ele. O futuro é aquele que irrita aqueles que o querem conhecer e que raramente, só raramente deixa que o cumprimentem com um beijo no rosto.
 Só quero saber o que vai acontecer e pronto. Se estaremos por cá, porque se não estivermos, tudo bem.

Daniela, Julho 2013.