Há dias intermináveis. Horas mortas e minutos asfixiantes. Há segundos em que respirar é mais fácil debaixo de água. Há espaços que não se preenchem e secalhar pertencem ao espaço mesmo, não haveria maneira de serem tão vazios, sendo eles de cá. Há dias e espaços que já acabaram à custa de mentiras, outros à custa de verdades. Há dias que acabam em minutos outros que se arrastam pelo asfalto quente em pele nua. Há dias em que eu ia respirar melhor dentro de água. Há dias em que eu ficaria melhor por saber que te ia magoar da pior maneira possível. Há dias em que me arrependo de o ter pensado. Entre "existências" intermináveis, existo eu e tu. E não passamos de espaços e tempos diferentes separados por verdades que tornam os minutos asfixiantes.
Ninguém diga que a verdade é sempre melhor, porque melhor ela não é. Digam que a verdade é uma vádia, porque ela rouba-te o melhor que tens, vai embora e ainda sorri. As mentiras são mais doces, tocam-te os lábios como chocolate e deixa,-te aconchegado.
Há dias intermináveis. Se for à rua como pretexto. Se disser que vou à rua porque está calor. Se isso for mais fácil, levanto-me da cama e vou. Se ficar aqui continuo gelada e quente de vergonha. A vergonha é como a verdade. E normalmente vem depois dela. Porque a verdade é a vádia, e ninguém tem orgulho de ser vádia. As vádias devem ter vergonha suponho. Diz-se que vendem o corpo e noutros tempos a alma. Cabras. A verdade é assim mesmo, uma cabra.
Há dias intermináveis. Este nunca mais acaba.
Daniela. 7.9.12